Em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) na última segunda-feira, o delegado Moysés Santana Gomes, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), descreveu o planejamento da megaoperação realizada em 28 de outubro na comunidade da Penha. Segundo ele, antes da entrada das equipes policiais, houve monitoramento aéreo da Vila Cruzeiro, onde foram identificados cerca de 70 traficantes armados com fuzisposicionados em frente à residência de Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como chefe local e integrante da cúpula do Comando Vermelho.
“O monitoramento indicava um grupo grande, todos preparados, concentrados em frente à casa do Doca. Essa informação está registrada nos autos”, afirmou Santana, reforçando que o planejamento foi feito com base em dados precisos obtidos antes das incursões.
Foi nas proximidades desse imóvel que os delegados Bernardo Leal e Marcos Vinicius Cardoso foram baleados: Bernardo foi atingido na perna e segue internado no Hospital Samaritano da Barra da Tijuca, necessitando de doação de qualquer tipo sanguíneo, enquanto Marcos Vinicius faleceu após ser atingido na cabeça.
O MPRJ encaminhou a transcrição do depoimento de Santana ao STF, junto com outros documentos relativos à operação, atendendo a uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, que também solicitou informações ao governo estadual, Tribunal de Justiça do Rio e Defensoria Pública.
Falhas no uso de câmeras corporais
O relatório do MP aponta ainda problemas no uso de câmeras corporais durante a operação. Menos da metade dos policiais das unidades de elite estava equipada com os dispositivos exigidos pelo STF. No Bope, havia 77 câmeras para 215 militares, enquanto na Core, apenas 57 dos 128 agentes utilizavam os equipamentos.
O delegado Fabrício Oliveira, da Core, explicou que havia 100 câmeras disponíveis, mas dificuldades de liberação individual de cada aparelho limitaram o uso. “Tivemos 57 policiais com câmeras e 32 ficaram indisponíveis por falha da própria empresa responsável. Um laudo técnico foi produzido para apurar o problema”, detalhou.
A operação e os problemas registrados reforçam a necessidade de revisão nos protocolos de segurança e equipamentos, considerando a complexidade e os riscos envolvidos em ações desse porte.