O novo longa da diretora Kathryn Bigelow, Casa de Dinamite, tem causado polêmica entre as Forças Armadas dos Estados Unidos. A produção, que retrata um ataque nuclear em território americano, gerou incômodo no Departamento de Defesa por apresentar informações consideradas imprecisas sobre o sistema antimísseis do país.
De acordo com a Bloomberg, o Pentágono reclamou de não ter sido consultado sobre aspectos técnicos retratados no filme. Em uma das cenas mais criticadas, o secretário de Defesa, interpretado por Jared Harris, afirma que os sistemas de defesa americanos têm apenas 50% de eficácia, apesar do investimento de cerca de US$ 50 bilhões.
A Agência de Defesa de Mísseis (MDA) contestou a informação, alegando que testes recentes indicam taxa de acerto total há mais de dez anos. Para o órgão, o equívoco pode gerar desconfiança pública sobre a capacidade de resposta do país em situações reais.
O roteirista Noah Oppenheim defendeu o enredo, explicando que os números utilizados foram inspirados em dados de testes controlados e servem apenas para intensificar o suspense da narrativa. Ele ressaltou ainda que o filme busca equilibrar verossimilhança técnica e tensão dramática.
Especialistas consultados pela rádio NPR destacaram que o enredo exagera ao retratar um ataque nuclear súbito e isolado. Segundo Matthew Bunn, professor da Escola Kennedy de Harvard, um evento desse tipo só ocorreria em meio a uma escalada militar entre potências, e não em um contexto de paz.
Apesar das críticas, o longa recebeu elogios pelo realismo em alguns detalhes. As cenas de videoconferência entre o presidente, vivido por Idris Elba, e os principais assessores militares foram apontadas como retratos fiéis dos protocolos de emergência. Outro acerto foi a representação da “maleta nuclear”, equipamento que acompanha o presidente americano e contém as instruções de resposta a um ataque.
“Casa de Dinamite” ainda não tem data confirmada de estreia no Brasil, mas já movimenta o debate sobre o limite entre ficção e realidade nas produções de guerra contemporâneas.